• Varicela

1. O que é a varicela?
A varicela é uma infecção altamente contagiosa, também chamada de CATAPORA, causada pelo vírus varicela-zoster. Geralmente é uma doença não letal em crianças saudáveis, apesar de muito desagradável e implicar em necessidade de afastamento das atividades normais por até 10 dias, devido à alta contagiosidade.

Contudo, é mais severa em adolescentes e adultos e pode causar uma doença séria e por vezes fatal, principalmente em indivíduos com um sistema imunitário enfraquecido. Do total de infectados, um em cada 5.000 desenvolve encefalite e aproximadamente três em cada 100.000 pacientes vão ao óbito. 

A infecção durante a gravidez pode resultar em malformações congênitas e morte do bebê.

2. Como se transmite a varicela?
A varicela é transmitida através da inalação de gotículas que contêm o vírus varicela zoster presentes no ar. Mesmo antes de surgirem as lesões de pele a pessoa já está transmitindo o vírus, o que facilita a ocorrência de surtos, principalmente em ambientes de aglomeração, como escolas e creches. Uma pessoa com varicela torna-se mais infectante logo após o início dos sintomas, mas permanece infectante até as últimas bolhas formarem crostas. O isolamento de uma pessoa infectada ajuda a evitar a transmissão da infecção para aquelas que ainda não tiveram varicela.

3. Quais são os principais sintomas da doença?
Os sintomas começam 10 a 21 dias após a infecção, sendo geralmente inespecíficos e leves nos primeiros 2 a 3 dias (febre moderada e uma sensação de mal-estar), principalmente em crianças mais velhas. Aproximadamente 24 a 36 horas após o início dos primeiros sintomas, surge uma erupção cutânea caracterizada por pequenas manchas vermelhas e planas. Rapidamente, cada mancha torna-se elevada e forma uma bolha cheia de líquido, pruriginosa, sobre um fundo vermelho. Finalmente, ocorre a formação de crosta. A seqüência inteira leva 6 a 8 horas. Grupos sucessivos de manchas continuam a surgir e formar crosta, de modo que, num mesmo momento, existem pápulas, bolhas e crostas. Geralmente, em torno do quinto dia param de surgir manchas novas. No sexto dia, a maioria delas já formou crostas e quase todas desaparecem em menos de 20 dias. Estas lesões podem surgir no couro cabeludo, no interior da boca, no ânus, na vagina (nas mucosas, rompem rapidamente e formam úlceras que podem ser dolorosas). As úlceras também podem formar-se nas pálpebras e nas vias aéreas superiores. A pior fase da doença geralmente dura 4 a 7 dias. Quando só existirem crostas, não há mais risco de transmissão.

4. Quais as complicações que podem surgir?
As complicações mais comuns são as infecções de pele de leve a graves. As lesões cutâneas ocasionadas pela varicela podem ser infectadas por bactérias, causando erisipela, celulite, impetigo, entre outras, o que leva a necessidade de tratamento com antibióticos, prolongamento a doença e pode gerar a internação do paciente. 
A pneumonia causada pelo vírus da varicela é uma complicação grave pode atingir bebês pequenos e especialmente crianças ou adultos com alguma imunodeficiência, gestantes e recém-nascidos.

Também pode ocorrer inflamação do coração e das articulações. O fígado pode ser comprometido, mas geralmente não ocorrem sintomas. Ocasionalmente, pode haver hemorragias nos tecidos. A encefalite é uma complicação rara que ocorre mais no final da doença até uma ou duas semanas após.

Uma complicação muito grave é a varicela neonatal, frequentemente fatal, que ocorre nos recém-nascidos cujas mães estão com varicela no momento do parto ou nos primeiros dias após o parto. A varicela congênita, onde os bebês nascem com malformações graves, muitas vezes incompatíveis com a vida, ocorre quando a varicela acomete a gestante durante a gravidez.

Após a infecção, os vírus da varicela podem permanecem latentes no organismo, nos gânglios de raízes nervosas, por toda a vida, por não terem sido eliminados pelo sistema imunológico. Isso pode não causar qualquer dano, mas em cerca de 10 a 20% dos indivíduos, principalmente em idosos e em imunodeficientes, pode ocorrer - geralmente vários anos após a doença - reativação do vírus levando ao aparecimento do herpes zoster ("cobreiro"), que é caracterizado pelo aparecimento de pequenas vesículas dolorosas em uma região limitada da pele, com dor no local, podendo permanecer mesmo após a cicatrização das lesões.

Na maioria dos casos as crianças recuperam-se sem problemas, no entanto, complicações podem ocorrer para elas e principalmente para os adolescentes e adultos. A infecção pode ser grave ou mesmo fatal nos adultos,.

5. A catapora pode matar?
Felizmente, na maioria dos casos, a varicela é doença desagradável mas de boa evolução. No entanto, pode ser grave e até causar o óbito, sendo consideravelmente maior o risco quando ocorre em adultos e pessoas com imunodeficiência. A taxa de letalidade, que em crianças saudáveis é de 2 para cada 100.000 casos, é 15 a 40 vezes maior em adultos.

6. Não é melhor ter a catapora logo na infância?
Não é possível prever quem vai evoluir com doença grave ou com infecções secundárias. Por isso é desejável que todas as crianças estejam protegidas, através da aplicação da vacina. Embora ainda seja uma prática comum em algumas culturas, é inaceitável, pelo potencial de gravidade da varicela, que crianças sejam deliberadamente expostas a pessoas infectadas para que adquiram a doença.

Além disso, os adultos susceptíveis que convivem com as crianças têm alto risco de serem infectados e, sendo adultos, desenvolver doença grave. Considerando que nenhuma medida de profilaxia pós-exposição (incluindo o uso de vacina) é 100% eficaz em evitar o desenvolvimento da infecção, estes indivíduos poderão vir a ter e transmitir varicela.

7. Qual é o tratamento?
Os casos leves de varicela exigem apenas um tratamento sintomático. Compressas molhadas com permanganato de potássio sobre a pele ajudam a aliviar o prurido, o qual pode ser intenso, e previnem escoriações que podem disseminar a infecção e formar cicatrizes. 

Por causa do risco de infecção bacteriana, a pele deve ser lavada freqüentemente com sabão e água, as mãos são mantidas limpas, as unhas são aparadas para minimizar a possibilidade de escoriações e as roupas são mantidas limpas e secas. Drogas para reduzir o prurido (p.ex., antihistamínicos) são algumas vezes utilizadas. Quando ocorre uma infecção bacteriana, há necessidade de administração de antibióticos. Os casos graves de varicela podem ser tratados com aciclovir, uma droga antiviral.

8. Toda criança e adulto deve ser vacinado?
As Sociedades Brasileiras de Imunizações e de Pediatria recomendam a vacinação de todas as crianças a partir dos 12 meses de idade. Os adultos que não tiveram a doença também devem ser vacinados. Crianças e adultos que tenham tido varicela são considerados imunes e não necessitam ser vacinados.

9. Quem não deve receber a vacina contra a varicela?
A vacina contra a varicela não deve ser aplicada em:

  • Mulheres grávidas;
  • Indíviduos com um sistema imunitário enfraquecido:
    a) Indivíduos com AIDS
    b) Indivíduos que estejam em tratamento com corticoesteróides em doses altas imunossupressoras e/ou    terapia com outras drogas imunosupressoras (incluindo radiação) nos últimos 3 meses.
  • Indivíduos que apresentaram reação anafilática a qualquer componente da vacina.
  • Indivíduos que tenham recebido uma transfusão de sangue ou tratamento com imunoglobulina nos últimos 3 meses.
  • Indivíduos que tenham recebido uma vacina atenuada (feita com microrganismos vivos) nas últimas 4 semanas (Tríplice Viral, Febre Amarela).

10. E se a minha criança tem asma e usa “bombinha” ou toma corticóide via oral, ela pode se vacinar?
É seguro vacinar pois a dose da medicação não interfere na eficácia da vacina nem diminui a resistência imunológica.

11. Qual o esquema de vacinação?
São duas doses, a primeira aos 12 meses de idade e a segunda entre 4 e 6 anos de idade. Na verdade, pessoas de qualquer idade podem ser vacinadas, com duas doses, com intervalo mínimo de três a quatro meses entre elas.

12. Porque hoje são indicadas duas doses da vacina?
Uma dose da vacina é 95-98% eficaz na prevenção das formas graves de varicela. No entanto, observando as crianças vacinadas no decorrer do tempo, desde que a vacina tornou-se disponível, verificou-se que um número considerável de crianças vacinadas contraía a doença, mesmo que de forma branda. A partir desta observação, passou a ser indicada a segunda dose para cobrir as eventuais falhas na resposta imunológica diante da primeira dose.

13. Qual o intervalo entre as duas doses da vacina contra a varicela?
Os calendários de vacinação definiram a primeira dose aos 12 meses e a segunda dose entre 4 e 6 anos de idade. No entanto, as duas doses podem ser aplicadas com intervalo mínimo de 3 meses, sem nenhum prejuízo para o indivíduo. Muitos médicos orientam este intervalo de rotina, a fim de garantir um nível de proteção eficiente rapidamente, uma vez que as crianças entre 1 e 4 anos estão freqüentando creches e escolas e/ou têm contato com outras crianças, estando suscetíveis a contrair a doença.

14. Por que algumas crianças são vacinadas aos 9 meses?
Existe uma vacina de um laboratório que está aprovada para utilização aos 9 meses. Se uma criança com esta idade vive em uma situação de maior risco para a varicela, tendo contato intenso com outras crianças, principalmente em época de surto ou próximo dela, é indicada a vacinação mais precoce.

15. Quais são as reações da vacinação?
Podem ocorrer umas lesões de pele características de varicela em algumas pessoas, em torno de 5 à 10 dias após a vacinação. Este quadro é brando e rápido.

16. O que devo fazer se não tiver registros ou não me lembrar já tive varicela ou se já recebi a vacina?
Crianças e adultos podem e devem ser vacinados se não existir uma história de confiança, ou se não existir prova de vacinação prévia.

17. Onde encontro a vacina contra varicela?
A vacina da varicela está disponível para todas as pessoas em clínicas particulares.

Os Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) do Ministério da Saúde dispõem da vacina para indivíduos de risco para varicela: imunodeficientes e seus contactantes, candidatos a transplantes, transplantados, doentes renais, doadores de órgãos, pacientes sem baço, síndrome de Down, em uso crônico de AAS.